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Casos Clínicos

Caso clínico Reprodutivo

O responsável por um sistema de produção de suínos observou um aumento significativo na taxa de descarte de leitoas pre-púberes. A granja tinha 2000 matrizes e a taxa de reposição de aproximadamente 50% ao ano. As leitoas de reposição eram entregues na granja com 150 dias de idade, sendo alojadas em baias com 30 fêmeas. A estimulação com o macho era iniciada no dia posterior a chegada das leitoas, sendo realizada em dois momentos do dia. O manejo constituía em conduzir o macho até as fêmeas, mantendo-o na baia por um período mínimo de 20 minutos por baia. A observação de hiperemia e edema de vulva, assim como o estímulo do dorso para desencadeamento do reflexo de tolerância ao homem na presença do macho eram realizados por dois funcionários do setor de reposição. Esperava-se que no mínimo 85% das fêmeas de reposição entrassem em estro em até 15-20 dias após o início do estímulo com o macho. Entretanto, observou-se que 30% das leitoas não entravam em cio de 30-40 dias após o início do estímulo e estavam sendo descartadas por anestro. Estas leitoas sempre apresentavam bom escore corporal e peso suficiente para serem inseminadas (130 – 140 kg).

O veterinário responsável pela granja realizou a monitoria de abate suspeitando que a infertilidade das leitoas poderia estar associada a defeitos congênitos do trato reprodutivo, como hipoplasia ou aplasia ovariana, ou infecções do trato genital como metrites.

Os achados macroscópicos ovarianos revelaram que 85% das leitoas descartadas apresentaram ovários com corpos lúteos, ou corpos lúteos e corpos albicans, indicando que essas fêmeas haviam ciclado uma ou duas vezes no mínimo. Apenas 15% das fêmeas descartadas por anestro realmente apresentaram ovários “lisos”, cistos ovarianos ou ovários somente com folículos. Portanto, os achados sugerem que o problema reprodutivo da granja não estava relacionado a infertilidade, mas à alguma possível falha que levou a não identificação ou à supressão dos sinais de estro.

Acompanhando o manejo com o macho, o veterinário percebeu o excesso de leitoas nas baias, fator que poderia dificultar o contato focinho-focinho entre o macho e as fêmeas, prejudicando o estímulo à puberdade. Além disso, 20 minutos não parecia ser suficiente para estimular 30 leitoas. Algumas leitoas apresentavam edema e hiperemia vulvar, no entanto, não havia manifestação do reflexo de tolerância ao macho, caracterizando um cio atípico. Dessa forma, o estro poderia estar passando despercebido pelos funcionários e os eventos de hiperemia e edema de vulva não estavam sendo anotados. Outros fatores relacionados a falhas na indução à puberdade e detecção do estro estão relacionados a baixa frequência e estímulos de curta duração, a utilização de machos jovens (idade inferior a 10 meses), com baixa libido, não rotatividade e problemas locomotores. 

Fotos: Tatiana Fiuza

Referências bibliográficas:

DIEHL, G.N.; COSTI, G.; VARGAS, A.J.; RICHTER, J.B.; LECZNIESKI, L.F.; BORTOLOZZO, F.P.; BERNARDI, M.L.; WENTZ, I. MONITORAMENTO OVARIANO AO ABATE DE LEITOAS DESCARTADAS POR ANESTRO OU ESTRO ATÍPICO. Archives of Veterinary Science v. 8, n. 1, p. 121-125, 2003.