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Coleta de amostras para detecção de Cystoisospora suis: quando e como?

A coccidiose é uma das causas mais importantes de diarréia em leitões no mundo todo. A infecção é iniciada após a absorção oral de oocistos esporulados de Cystoisospora suis do ambiente. Os animais com duas ou três semanas de vida são os mais suscetíveis para o desenvolvimento da doença.

A detecção de oocistos é uma “marca registrada” no diagnóstico da coccidiose. Na prática, a detecção confiável é frequentemente dificultada pelo curto tempo de excreção dos animais infectados e o alto teor de gordura de amostras de leitões lactentes. Normalmente, os leitões excretam os oocistos cinco a seis dias após a infecção. A excreção pode ser observada por até 10 dias e a diarreia pode durar de dois a cinco dias. Porém, a excreção quantitativa do oocisto nem sempre está relacionada com a mudança na consistência das fezes dos animais (Mundt et al., 2006). Isso provavelmente se deve ao efeito diluente da diarreia com grandes quantidades de fezes. Por isso, não é aconselhável colher somente amostras de leitões com diarreia.  

Além disso, a diarreia causada pela coccidiose é caracterizada por uma intensa esteatorreia e pode ocorrer a formação de bolhas lipídicas que pode acarretar em um diagnóstico errado de oocistos (falso positivo). Ainda, a centrifugação do material colhido gera tampões de gordura que podem aprisionar oocistos e impedir completamente sua recuperação da suspensão (falso negativo). Por isso, é aconselhado realizar um pool de amostras de fezes de vários leitões de uma ou mais leitegadas. 

Devido a detecção de oocistos nas fezes de animais infectados ser frequentemente dificultada pelo curto período de excreção do oocisto e o alto teor de gordura das amostras fecais, um estudo propôs um esquema de amostragem para melhorar o diagnóstico de C. suis em amostras de campo. O modelo mostrou que a amostragem repetida com uma semana de intervalo retornou quase o dobro de amostras positivas em comparação às amostras individuais. De 180 ninhadas amostradas, 70 (38,9%) foram positivas para C. suis pelo menos uma vez, 34 (18,9%) na primeira e 53 (29,4%) na segunda amostragem. Portanto, ao suspeitar da doença a campo, é preferível que a coleta seja repetida com uma semana de intervalo para se obter resultados mais confiáveis.  

Referências

Joachim, A., Ruttkowski, B. & Sperling, D. Detection of Cystoisospora suis in faeces of suckling piglets – when and how? A comparison of methods. Porc Health Manag 4, 20 (2018). https://doi.org/10.1186/s40813-018-0097-2

Mundt HC, Joachim A, Becka M, Daugschies A. Isospora suis: an experimental model for mammalian intestinal coccidiosis. Parasitol Res. 2006;98(2):167–75.