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Manejo

Leitegadas grandes e a variabilidade do peso ao nascer

A realidade da suinocultura mostra a necessidade de busca incessante de melhoras nos índices produtivos que constituam maior lucro para o produtor. Atualmente estão disponíveis no mercado diversas opções de empresas de genética de suínos, ofertando animais melhoradores e com características de acordo com a necessidade do produtor. Quando tratamos de linhagem fêmea, o maior apelo comercial existente é o número de leitões produzidos. Isso gerou a seleção de matrizes com alto potencial para grandes tamanhos de leitegadas, atingindo muitas vezes médias superiores a quinze leitões nascidos totais por parto. Entretanto, invariavelmente, a consequência de um grande número de leitões nascidos é um menor peso médio ao nascimento e a maior variabilidade de peso dentro desta leitegada.

Uma forma bastante prática de mensurar a variabilidade é considerar o coeficiente de variação do peso ao nascer. Em termos práticos, é medir a uniformidade de peso dos leitões ao nascimento. Poucas são as granjas que adotam a pesagem individual dos leitões ao nascimento. Porém, esta prática deveria ser utilizada rotineiramente. Isso porque a informação do peso ao nascer auxilia na tomada de decisões do aproveitamento e manejos dos leitões, especialmente daqueles que nascem com baixo peso.  Quiniou et al. (2002) relataram que o aumento do tamanho da leitegada de < 11 nascidos totais para >16 resultou na redução do peso ao nascer de 1.590 g para 1.260 g, ou seja, 35 g por leitão nascido. Além disso, a proporção de leitões pesando menos do que 1,0 kg aumentou de sete para 23%. Diversos trabalhos demonstraram que o baixo peso ao nascer aumenta consideravelmente o risco de morte (FURTADO et al., 2012; ALMEIDA et al., 2014), diminuem o desempenho de crescimento e interferem na qualidade da carne ao abate (FIX et al., 2010; ALVARENGA et al., 2012 ).

Atualmente podem ser consideradas ocorrências frequentes índices de variabilidade de peso ao nascer em torno de 20 a 22% para leitegadas de leitoas e 26 a 27% de porcas com aproximadamente 14,5 leitões nascidos totais. A expectativa é que quanto maior a leitegada, maior a variabilidade e maior a ocorrência de leitões com baixo peso. Índices de 15 a 19% de leitões abaixo de 1,0 kg ao nascimento são normalmente visualizados e estes animais devem ser considerados como de alto risco e necessitam manejos e cuidados especiais.

Diversos são os grupos de pesquisa e empresas que trabalham de forma a tentar diminuir o impacto que o tamanho da leitegada gera no peso ao nascer. Essa deve ser uma atividade conjunta entre a genética e a nutrição, pois as duas são complementares para auxiliar na obtenção de pesos ao nascer adequados e na maior uniformidade. Entretanto, cabe aos técnicos que estão ligados intimamente aos manejos da granja atuar de forma a auxiliar na diminuição dos impactos negativos destas grandes leitegadas. Um maior consumo de colostro é necessário para assegurar a sobrevivência de leitões pesando 1,1-1,2 kg quando comparado com leitões mais pesados (Ferrari et al., 2014). Portanto, práticas simples de auxílio ao leitão mais fraco podem minimizar as possíveis perdas decorrentes de uma grande variabilidade de peso ao nascer.

O correto diagnóstico do baixo peso ao nascer começa pela implantação da pesagem individual dos leitões. Sem informações precisas, todas as ações corretivas podem não ser efetivas. O trabalho buscando a melhora destes índices deve ser conjunto entre equipe da granja (manejo), nutrição e genética.

Referências:

ALMEIDA, M; BERNARDI, M.L; MOTTA, A.P; BORTOLOZZO, F.P.; WENTZ, I. Effect of birth weight and litter size on the performance of landrace gilts until puberty. Acta Scientiae Veterinariae. v. 42, p. 1182. 2014.

ALVARENGA, A.L.N.; CHIARINI-GARCIA, H.; CARDEAL, P.C.; MOREIRA, L.P.; FOXCROFT, G.R.; FONTES, D.O.; ALMEIDA, F.R.C.L. Intra-uterine growth retardation affects birth weight and postnatal development in pigs, impairing muscle accretion, duodenal mucosa morphology and carcass traits. Reproduction, Fertility and Development. v. 25 n.2, p. 387-395. 2012.

FERRARI C.V.; SBARDELLA P.E.; BERNARDI M.L.; COUTINHO M.L.; VAZ JR. I.S.; I. WENTZ, I.; BORTOLOZZO F.P. Effect of birth weight and colostrum intake on mortality and performance of piglets after cross-fostering in sows of different parities. Preventive Veterinary Medicine. v. 114, n. 3, p. 259–266. 2014.

FIX, J.S.; CASSADY, J.P.; HERRING, W.O.; HOLL, J.W.; CULBERTSON, M.S.; SEE, M.T. Effect of piglet birth weight on body weight, growth, backfat, and longissimus muscle area of commercial market swine. Livestock Science. v. 127, p. 51-59. 2010.

FURTADO, C.D.S.D.; MELLAGI, A.P.G.; CYPRIANO, C.R.; GAGGINI, T.S.; BERNARDI, M. L.; WENTZ, I.; BORTOLOZZO, F.P. Influência do Peso ao Nascimento e de Lesões Orais, Umbilicais ou Locomotoras no Desempenho de Leitões Lactentes. Acta Scientiae Veterinariae. v. 40, n. 4, p. 1077. 2012.

QUINIOU, N.; DAGORN, J.; GAUDRÉ, D. Variation of piglet´s birth weight and consequences on subsequent performance. Livestock Production Science. v. 78, p. 63-70. 2002.

Escrito por Diogo Magnabosco, Médico Veterinário
Doutorando Setor de Suínos- UFRGS
Contato: [email protected]