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Especial

Os desafios da sucessão rural

Por: Felipe Hickmann ([email protected])

Atualmente, há uma reivindicação dos jovens, de um modo geral, por visibilidade, causada por uma série de mudanças, principalmente, de valores e de comportamento. Há também uma influência da globalização e das novas formas de comunicação na forma de pensar destes jovens. Uma mudança da noção de tempo que valoriza o presente e o futuro próximo. No que diz respeito ao meio rural, o desinteresse dos jovens na ruralidade é histórico, motivado pela desaprovação do modo de vida dos pais e pela penosidade do trabalho, quando comparado à vida urbana contemporânea.

Entre os principais aspectos negativos da vida no campo estão a ausência de férias, de finais de semana livres e de um horário regular de trabalho. Tais aspectos estão centrados nas carências da vida local, a falta de alternativas profissionais que garantam oportunidades de emprego e renda e a penosidade do trabalho na agricultura diante da falta de estímulos à produção. No entanto, apesar das dificuldades, alguns jovens manifestam seu interesse em permanecer no campo. Estes jovens valorizam a vida no campo, principalmente, no que diz respeito às raízes pessoais e aos laços familiares e de amizade, à aproximação da natureza e à qualidade de vida no campo.

Independentemente das diferentes perspectivas, do desejo de permanecer ou não na zona rural, os jovens buscam vencer o isolamento e integrar o meio rural, direta ou indiretamente, ao restante da sociedade. Para manter os jovens no meio rural há uma necessidade de implantação urgente de políticas que venham ao encontro das necessidades e anseios dessa parcela da população. O desejo desses jovens é estar inseridos na sociedade e dela participarem, saindo do isolamento que caracteriza a vida difícil dos pequenos proprietários rurais. Para isso, reivindicam educação, profissionalização, autonomia financeira, modernização e participação social como base de realização pessoal.  

Os avanços tecnológicos somados à especialização dos sistemas de produção alteraram significativamente a matriz produtiva nas últimas décadas. O êxodo rural, por sua vez, aumentou na mesma proporção. Para que os resultados não sejam ainda mais catastróficos, é necessário estimular os jovens rurais a permanecerem, produzirem e promoverem seu sustento de forma digna através de políticas públicas adequadas e da valorização da produção agrícola. A alta verificada nos preços dos principais commodities nos últimos anos tem incentivado a permanência de muitos jovens no campo, porém nada comparável às décadas anteriores.