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Diagnóstico e prevenção – aliados contra a doença do edema em suínos

A doença do edema é uma toxi-infecção causada por cepas patogênicas de Escherichia coli enterotoxigênicas, que sob determinadas circunstâncias se multiplicam no intestino delgado de leitões desmamados e produzem toxinas altamente nocivas. Entre as principais toxinas envolvidas nesta doença está a Verotoxina-2e, também conhecida como Shiga-Like Toxin IIe (SLT-IIe) (Casanova et al., 2018).

Por se tratar de uma enfermidade com grande impacto econômico, é de extrema importância realizar o diagnóstico precoce, a fim de minimizar os danos causados. No entanto, sabe-se que realizar o diagnóstico clínico pode não ser o suficiente, uma vez que até 60% dos suínos clinicamente saudáveis tem seu conteúdo intestinal positivo para enterotoxinas. Deste modo, torna-se essencial utilizar métodos mais assertivos para detectar os animais infectados (Tabaran & Tabaran, 2019).

O diagnóstico laboratorial tem sido um importante aliado na detecção da doença do edema. O isolamento de bactérias E. coli a partir de fragmentos das alças intestinais e dos linfonodos mesentéricos, além do antibiograma, tem sido os métodos laboratoriais mais utilizados. Além destes, realizar a necropsia de animais sentinela (que não foram expostos à antibióticos durante 5 dias, pelo menos) também tem sido uma boa opção. Na necropsia, as alterações macroscópicas são caracterizadas por líquido livre na cavidade torácica e abdominal, edema na submucosa gástrica, no mesocólon, na bexiga, no cérebro e no pulmão, entre outros (Cheng et al., 2006; Gomes, 2012).

Ademais, testes moleculares também são uma alternativa, pois,,  por sua boa sensibilidade e especificidade. Para a realização destes, busca-se identificar os genes codificadores das toxinas produzidas pela E. coli , como por exemplo a Stx2e. Dentre os métodos moleculares mais usados, estão as técnicas baseadas em hibridação, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e PCR em tempo real (Cheng et al., 2006; Barth et al., 2021).

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos. 

Diante do exposto, fica evidente que, embora tenhamos métodos diagnósticos seguros e eficazes, prevenir segue sendo o melhor remédio. Através da prevenção, evitamos os danos econômicos gerados pela doença, até a obtenção do diagnóstico e instituição do tratamento. E ainda, evitamos a possibilidade de estarmos lidando com cepas já resistentes a diferentes tipos de antibióticos, dificultando e reduzindo a eficácia do tratamento.

Referências bibliográficas

Barth, S.A., Bauerfeind, R., Berens, C., Menge, C. Shiga Toxin-Producing E. coli in Animals: Detection, Characterization, and Virulence Assessment. Methods Mol Biol, v.2291, p.19-86, 2021.

Borowski, S.M., de Barcellos, D.E.S.N., Hagemann, A., Chiminazzo, C., Razia, L.E., Coutinho, T.A. Avaliação do uso da vacinação para prevenção da doença do edema em suínos. Acta Scientiae Veterinariae, v.30(3), p.167-172, 2002.

Casanova, N.A., Redondo, L.M., Dailoff, G.C., Arenas, D., Fernández Miyakawa, M.E. Overview of the role of Shiga toxins in porcine edema disease pathogenesis. Toxicon, v.148, p.149-154, 2018.

Cheng, D., Sun, H., Xu, J., Gao, S. Veterinary Microbiology, v.115, p.320-328, 2006.

Gomes, V.T.M. Caracterização genotípica e fenotípica de cepas de Escherichia coli associadas à doença do edema em suínos. 2012. 52 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

Rocha, B.Z.L.L. Caracterização epidemiológica, clínica e patológica da doença do edema em suínos. Monografia. Patos, UFCG. 2016.
Tabaran, F., Tabaran, A. Edema disease of swine: A review of the pathogenesis. Porcine Research, v.9, p.7–14, 2019.