Novas diretrizes em bem-estar animal: como implementar na rotina das granjas de suínos?
Diálogos sobre o bem-estar dos animais são cada vez mais frequentes entre os produtores de suínos, principalmente após o lançamento da instrução normativa nº 113, de 2020 (Brasil, 2020). Entretanto, ainda há muitas dúvidas sobre o que esse conceito significa e como as granjas de suínos irão adaptar as novas medidas na rotina.
Dr. Donald Broom, pioneiro nos estudos sobre o tema, define bem-estar como o estado do animal em relação às suas tentativas de se adaptar ao meio em que está inserido (Broom, 1986). Na prática, estratégias que visam melhorar o bem-estar nas granjas são pautadas nas cinco liberdades: os sistemas produtivos devem garantir que os animais sejam livres de fome, desnutrição e sede; medo e angústia; estresse causado por calor ou desconforto físico; dor, doenças e lesões; e livres para expressar comportamentos naturais a espécie (Brambell, 1965).
Nesse cenário, é comum que muitos produtores acreditem que, para estarem alinhados com tais princípios, é necessário alto investimento financeiro para adequação das granjas e mudanças drásticas no manejo. Outro mito presente no campo é que a adoção de práticas que garantem maior bem-estar resulta em uma rotina de trabalho mais complexa.
Entretanto, há diversas medidas promotoras de bem-estar animal que são de fácil e rápida implementação, fazendo grande diferença na qualidade de vida dos suínos. Por exemplo, garantir a sanidade animal é fundamental para o bem-estar desses animais, que devem estar livres de dor (Franz et al., 2012). Por outro lado, algumas práticas de tratamento e prevenção de doenças podem ser estressantes, comprometendo a liberdade de medo e desconforto. Dessa forma, soluções que minimizem o contato constante com os animais, não prejudiquem sua alimentação e garantam rápida recuperação são fundamentais. Além disso, um programa de vacinação bem estruturado e protocolos objetivos em caso de lesões são recomendados.
Conhecer o conceito de bem-estar é o primeiro passo para que os produtores de suínos sejam capazes de adotar medidas práticas nas granjas. Pequenas (mas essenciais) ações podem ser implementadas gradualmente, sem que de fato seja necessário alto investimento inicial de recursos.
Referências:
Brambell, F. W. R., & Technical Committee to Enquire into the Welfare of Animals kept under Intensive Livestock Husbandry Systems. (1965). Report of the Technical Committee… Animals Kept Under Intensive Livestock Husbandry Systems. HM Stationery Office.
Brasil. Instrução Normativa Nº 113, de 16 de dezembro de 2020. Estabelece as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Publicado em 18/12/2020, edição 242, Seção 1, Página 5. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-n-113-de-16-de-dezembro-de-2020-294915279
Broom, D. M. (1986). Indicators of poor welfare. British veterinary journal, 142(6), 524-526.
Franz, A., Deimel, I., & Spiller, A. (2012). Concerns about animal welfare: a cluster analysis of German pig farmers. British Food Journal, 114(10), 2012. 10.1108/00070701211263019