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Qual o papel da imunidade materna na coccidiose?

A coccidiose, causada pelo protozoário Cystoisospora suis, é um dos principais problemas a serem enfrentados pelos leitões lactentes no início da vida. A diarreia transitória causada por essa doença é responsável pela diminuição do desempenho e queda no ganho de peso na maternidade, que irá perdurar ao longo de toda a cadeia produtiva, podendo influenciar até mesmo no peso ao abate. A colostragem é recomendada para que, através da ingestão de imunoglobulinas, os leitões sejam menos susceptíveis às diarreias neonatais. Mas será que, assim como em outras diarreias neonatais, a imunidade passiva obtida pelo colostro promove uma proteção eficaz contra C. suis em leitões lactentes? (Stuart et al., 1980; Ward et al., 1996)

Schwarz et. al (2013) demonstraram que porcas apresentando anticorpos específicos contra Cystoisospora suis são capazes de transferi-los para os leitões através do colostro e do leite, porém os títulos destes anticorpos caem rapidamente até 7 dias após o parto. Mesmo que os níveis de anticorpos contra o coccídio se elevem consideravelmente após a ingestão do colostro pelos leitões, a rápida duração do pico inicial de anticorpos antecede a acentuada queda na concentração de IgM, IgG e IgA contra C. suis.   

Além disso, caso os leitões sejam infectados por Cystoisospora suis na primeira semana de vida, uma nova elevação nos títulos de anticorpos só poderá ser detectada após a fase aguda da doença, na terceira e quarta semana de vida. Esse aumento ocorre devido a produção endógena de anticorpos, resultado da infecção dos leitões pelo coccídio. É possível observar que, caso infectados, os leitões desenvolvem anticorpos IgA específicos contra C. suis na mucosa intestinal, mais precisamente no jejuno (Schwarz et al., 2013).

Mesmo que altos títulos de anticorpos maternos não possam resultar sinais clínicos mais leves em casos de coccidiose, a detecção desses anticorpos específicos contra C. suis pode ser utilizada como marcador para os sinais clínicos esperados na doença. Isso porque, quando observados elevados níveis de IgM e IgG pode-se correlacionar ao aumento da severidade no quadro de coccidiose. Em contrapartida, caso a concentração de IgA seja alta, a diarreia que irá acometer os leitões é menos agressiva, indicando assim, que a IgA desempenha uma função importante no estabelecimento da resposta imune protetora contra Cystoisospora suis (Schwarz et al., 2013). 

Schwarz L, Joachim A, Worliczek HL. Transfer of Cystoisospora suis-specific colostral antibodies and their correlation with the course of neonatal porcine cystoisosporosis. Vet Parasitol. 2013 Nov 8;197(3-4):487-97.

Stuart, B. P., Lindsay, D. S., Ernst, J. V., & Gosser, H. S. (1980). Isospora suis Enteritis in Piglets. Veterinary Pathology, 17(1), 84–93. 

L. A. Ward, E. D. Rich, T. E. Besser, Role of Maternally Derived Circulating Antibodies in Protection of Neonatal Swine against Porcine Group A Rotavirus, The Journal of Infectious Diseases, Volume 174, Issue 2, August 1996, Pages 276–282