A interação entre a microbiota intestinal e a infecção por PCV2
O circovírus suíno tipo 2 (PCV2) provou ser um dos principais patógenos economicamente importantes na suinocultura mundial. Atualmente, as formas de apresentação clínica da doença são raramente observadas e, na maioria dos casos, os suínos infectados apresentam infecções subclínicas.
Além da severa imunossupressão, também já citamos aqui como a presença do PCV2 pode influenciar na microbiota intestinal e na saúde do hospedeiro, diminuindo a diversidade do microbioma e facilitando o desenvolvimento de doenças entéricas. Muito tem se falado sobre a microbiota e seu impacto na saúde intestinal, principalmente pelo papel crítico que ela desempenha ao fornecer uma barreira de proteção e auxiliar no desenvolvimento e manutenção da imunidade local e sistêmica.
Alguns estudos têm evidenciado o papel da diversidade da microbiota intestinal no controle de doenças infecciosas. Um estudo com foco na identificação de associações entre a microbiota intestinal e o desenvolvimento de doenças infecciosas, bem como a gravidade dos sinais clínicos, foi realizado na Universidade do Kansas. No trabalho conduzido por Niederwerder et al. (2016), um total de 90 leitões foram inoculados com um modelo de coinfecção por PRRS e PCV2 e, 70 dias após infecção, os pesquisadores selecionaram 20 destes animais para avaliação da diversidade da microbiota de cada um. O critério de seleção dos animais foi de acordo com o melhor ou o pior desfecho clínico, com base no ganho de peso médio diário e na presença da doença clínica. Foi possível notar que a redução dos sinais clínicos, o aumento do ganho de peso e a redução das lesões pulmonares foram associados ao aumento da diversidade do microbioma e à presença de Escherichia coli não patogênica nas fezes. O trabalho também mostrou que houve diferença significativa entre os peso médio dos dois grupos (os que apresentaram melhor e pior resultado e sinais clínicos) logo em uma semana após o desafio. No entanto, essa diferença foi ainda maior no pico da doença (Niederwerder et al., 2016).
Assim como no estudo, coinfecções são frequentemente associadas com o PCV2. Resultados como este podem potencializar os efeitos vacinais contra o PCV2 e diminuir os impactos causados tanto por este, quanto por patógenos secundários que se aproveitam da sua presença. Porém, é necessário mais estudos para compreender quais os mecanismos para tais benefícios e como implantá-los na prática.
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