Uso de antimicrobianos: como isso pode impactar na saúde intestinal?
Antimicrobianos são compostos de ocorrência natural, semissintéticos ou sintéticos que possuem atividade antimicrobiana (Phillips et al., 2004). As quatro principais razões para a administração de antimicrobianos em suínos são: 1) tratamento de doenças, 2) medida profilática para prevenir doenças, 3) tratamento metafilático para tratar doenças em grande número de animais e 4) como promotores de crescimento (O’Neill, 2014; Dumas et al., 2016).
O principal objetivo do uso dos antimicrobianos na suinocultura é eliminar/reduzir microrganismos patogênicos, facilitando o crescimento e a restauração de bactérias benéficas nas comunidades microbianas. No entanto, o uso indiscriminado e prolongado desses compostos pode resultar na seleção de microrganismos resistentes a diversos antimicrobianos (Giguere et al. 2013; Holman e Chénier, 2015). Quando um antimicrobiano é administrado, as populações microbianas suscetíveis são eliminadas; porém, as cepas resistentes permanecem e se multiplicam, podendo transmitir sua resistência para sua progênie e para outras espécies bacterianas (Founou et al., 2016).
Apesar dos antimicrobianos desempenharem um papel vital na cadeia produtiva de suínos e outros animais, estudos mostram que eles afetam negativamente a microbiota benéfica presente no trato gastrointestinal (TGI). Os antibióticos têm efeitos na composição e estrutura do microbioma intestinal que refletem na saúde do intestino localmente e do hospedeiro sistemicamente. Todas as bactérias encontradas no trato intestinal suíno são potencialmente afetadas pela ação de um agente antimicrobiano, e a disbiose microbiana pode facilitar infecções por patógenos aumentando a morbidade e a mortalidade, bem como os custos associados ao tratamento dessas infecções (Marchesi et al., 2016; Tomason et al., 2017; Lowe, 2018).
Devido à seleção de microrganismos resistentes e à alteração da microbiota intestinal, que reflete diretamente no estado de saúde do animal, alternativas ao uso de antimicrobianos estão sendo avaliadas para manter a saúde dos leitões durante todo o ciclo de vida e preservar a saúde pública.
Referências
Dumas, S. E., French, H. M., Lavergne, S. N., Ramirez, C. R., Brown, L. J., Bromfield, C. R., … & Aldridge, B. M. (2016). Judicious use of prophylactic antimicrobials to reduce abdominal surgical site infections in periparturient cows: part 1–a risk factor review. Veterinary Record, 178(26), 654-660. doi: 10.1136/vr.i103677
Founou, L. L., Founou, R. C., & Essack, S. Y. (2016). Antibiotic resistance in the food chain: a developing country-perspective. Frontiers in microbiology, 7, 1881. doi: 10.3389/fmicb.2016.01881
Giguère, S., Prescott, J. F., & Dowling, P. M. (Eds.). (2013). Antimicrobial therapy in veterinary medicine. John Wiley & Sons.
Holman, D. B., & Chénier, M. R. (2014). Temporal changes and the effect of subtherapeutic concentrations of antibiotics in the gut microbiota of swine. FEMS microbiology ecology, 90(3), 599-608. doi: 10.1111/1574-6941.12419
Lowe, J. (2018). How do antibiotics impact gut health? National Hog Farmer.
Marchesi, J. R., Adams, D. H., Fava, F., Hermes, G. D., Hirschfield, G. M., Hold, G., … & Hart, A. (2016). The gut microbiota and host health: a new clinical frontier. Gut, 65(2), 330-339. doi: 10.1136/gutjnl-2015-309990
O’Neill, J. (2014). AMR review paper-tackling a crisis for the health and wealth of nations. Antimicrobial Resistance Available online at: https://amr-review.org/ sites/default/files/AMR%20Review%20Paper%20-%20Tackling%20a%20crisis %20for%20the%20health%20and%20wealth%20of%20nations_1.pdf
Phillips, I., Casewell, M., Cox, T., De Groot, B., Friis, C., Jones, R., … & Waddell, J. (2004). Does the use of antibiotics in food animals pose a risk to human health? A critical review of published data. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 53(1), 28-52. doi: 10.1093/jac/dkg483
Thomason, C. A., Mullen, N., Belden, L. K., May, M., & Hawley, D. M. (2017). Resident microbiome disruption with antibiotics enhances virulence of a colonizing pathogen. Scientific reports, 7(1), 1-8. doi: 10.1038/s41598-017-16393-3