Integridade intestinal: por que devemos nos preocupar?
Recentes estudos têm demonstrado que assegurar uma boa saúde intestinal é parte fundamental para o sucesso da suinocultura moderna, uma vez que está diretamente relacionada com a resposta dos suínos frente a organismos patogênicos e a absorção de nutrientes.
Proporcionar uma boa saúde intestinal inclui, entre outros fatores, garantir a integridade das mucosas do intestino.
A integridade intestinal diz respeito a como a estrutura do epitélio é mantida, sendo esta uma barreira física e bioquímica que depende do bom funcionamento das bombas de íons no epitélio e da resistência das junções de oclusão, ou tight junctions (Modina et al., 2019).
Tais junções vedam o espaço presente entre as células epiteliais no intestino, evitando a translocação de microrganismos através do epitélio, também conhecido como “intestino permeável” (ou leaky gut). De maneira prática, a barreira intestinal possui um importante papel contra a ação de patógenos invasores e entrada de toxinas no organismo.
Tais toxinas podem ser capazes de criar lesões no intestino delgado, consequentemente comprometendo as capacidades digestivas e de absorção de nutrientes (Groschwitz & Hogan, 2009).
Diversos estressores são críticos na manutenção da integridade intestinal dos suínos, principalmente durante as primeiras semanas de vida. Tais fatores incluem mudança da dieta, mistura de animais, alta densidade de alojamento e transferência de lotes (Wan et al., 2020).
Além disso, danos no epitélio podem ocorrer em suínos sob condições de estresse térmico, o que é bastante comum em países de clima quente, como o Brasil. Pearce et al. (2013), por exemplo, indicaram que suínos em condição de estresse térmico (35ºC) obtiveram a integridade intestinal significativamente comprometida (no íleo e cólon), quando comparados a suínos alojados em condições de conforto térmico (21ºC).
A boa notícia é que diversas estratégias podem ser implementadas para avaliar e garantir a integridade da barreira intestinal dos suínos. Por um lado, há um investimento crescente em métodos não invasivos de avaliação, como biomarcadores (Linsalata et al., 2020). Além disso, uma série de aditivos nutricionais – como os óleos essenciais – podem atuar como moduladores da integridade intestinal, promovendo assim melhores condições de defesa frente aos diversos desafios sanitários.
Referências
Groschwitz, K. R., & Hogan, S. P. (2009). Intestinal barrier function: molecular regulation and disease pathogenesis. Journal of allergy and clinical immunology, 124(1), 3-20. Doi: https://doi.org/10.1016/j.jaci.2009.05.038
Linsalata, M., Riezzo, G., Clemente, C., D’Attoma, B., & Russo, F. (2020). Noninvasive biomarkers of gut barrier function in patients suffering from diarrhea predominant-ibs: An update. Disease Markers, 2020. Doi: https://doi.org/10.1155/2020/2886268
Modina, S. C., Polito, U., Rossi, R., Corino, C., & Di Giancamillo, A. (2019). Nutritional regulation of gut barrier integrity in weaning piglets. Animals, 9(12), 1045. Doi: https://doi.org/10.3390/ani9121045
Pearce, S. C., Mani, V., Boddicker, R. L., Johnson, J. S., Weber, T. E., Ross, J. W., … & Gabler, N. K. (2013). Heat stress reduces intestinal barrier integrity and favors intestinal glucose transport in growing pigs. PloS one, 8(8), e70215. Doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0070215
Wan, J., Zhang, J., Chen, D., Yu, B., Huang, Z., Mao, X., … & He, J. (2020). Alterations in intestinal microbiota by alginate oligosaccharide improve intestinal barrier integrity in weaned pigs. Journal of Functional Foods, 71, 104040. Doi: https://doi.org/10.1016/j.jff.2020.104040