Por que o ambiente da sua granja pode influenciar a ocorrência de coccidiose em leitões?
Muitos sabem que a coccidiose causa diarreia, e, consequentemente, queda de performance produtiva dos leitões. Além disso, pode facilitar infecções secundárias, levando ao agravamento do quadro clínico (Mengel et al., 2012; Shrestha et al., 2020). Entretanto, você sabe como o ambiente pode influenciar a ocorrência de coccidiose em leitões?
A coccidiose é causada pela ingestão dos oocistos do protozoário Cystoisospora suis, mas a infecção só ocorre se o oocisto estiver esporulado (Lindsay et al., 2019). A esporulação é dependente de condições de temperatura e umidade adequadas, as quais normalmente estão presentes dentro dos galpões. Em relação a temperatura, os oocistos de C.suis esporulam rapidamente em faixas de temperatura entre 20 e 37ºC. Em temperaturas altas (32-35ºC), a esporulação do oocisto ocorre em 12h (Lindsay et al., 2019).
Quanto à umidade, foi observado que umidades relativas inferiores a 75% reduzem os oocistos viáveis (Langkjaer; Roepstorff, 2008). Dessa forma, durante estações mais quentes e úmidas, a esporulação ocorre de maneira mais rápida e a presença de matéria orgânica em baias favorece a esporulação e a viabilidade dos oocistos, justamente por evitar a sua dessecação (Langkjaer; Roepstorff, 2008; Lindsay et al., 2019).
A limpeza e desinfecção, associado aos períodos de vazio sanitário entre lotes é eficaz em reduzir a pressão de infecção do C. suis (Langkjaer; Roepstorff, 2008; Lindsay et al., 2019). Além disso, o controle da umidade e a remoção a seco de fezes podem contribuir para evitar a disseminação da coccidiose na maternidade.
Apesar dessas medidas serem adequadas em reduzir a prevalência de coccidiose, a aplicação de toltrazuril de forma profilática permanece indispensável na prevenção da coccidiose em rebanhos sabidamente positivos, especialmente quando aplicado de maneira parenteral (intramuscular). Tal método resulta em maiores concentrações em conteúdos jejunais e ileais do que a aplicação oral, reduzindo a excreção de oocistos (Karembe et al., 2021)
Em conclusão, a coccidiose causa grande impacto produtivo e econômico, e a sua alta resistência ambiental torna difícil o seu controle. Dessa forma, a aplicação parenteral de toltrazuril é eficaz em reduzir a ocorrência de coccidiose no plantel e, assim, melhorar os índices produtivos.
REFERÊNCIAS
Karembe, H., Sperling, D., Varinot, N., Magnier, R., Peyrou, M., Guerra, N., Smola, J.,
Langkjaer, M., Roepstorff, A. (2008). Survival of Isospora suis oocysts under controlled environmental conditions. Vet Parasitol. 152(3-4):186-193
Lindsay, D., Dubey, J.P., Santin, M. (2019). Coccidia and other Protozoa. Book Chapter. In: Diseases of swine. Zimmerman, J.J., Karriker, L.A., Ramirez, A., Schwartz, K. J., Stevenson, G. W., Zhang, J, 1015-1027.
Mengel, H., Kruger, M., Kruger, M.U., Westphal, B., Swidsinski, A., Schwarz, S., Mundt, H.C., Dittmar, K., & Daugschies, A. (2012). Necrotic enteritis due to simultaneous infection with Isospora suis and clostridia in newborn piglets and its prevention by early treatment with toltrazuril. Parasitol. 110(4), 1347-1355.
Shrestha, A., Metzler-Zebeli, B. U., Karembe, H., Sperling, D., Koger, S., & Joachim, A. (2020). Shifts in the Fecal Microbial Community of Cystoisospora suis Infected Piglets in Response to Toltrazuril. Frontiers in microbiology, 11, 983.
Vasek, J., Hinney, B., & Joachim A. (2021). Absorption and Distribution of Toltrazuril and Toltrazuril Sulfone in Plasma, Intestinal Tissues and Content of Piglets after Oral or Intramuscular Administration. Molecules. 26(18):5633.