Coccidiose suína: prevenção é chave!
A coccidiose é uma afecção causada pelo protozoário Cystoisospora suis e comumente acomete leitões na fase de maternidade. Além de todos os pontos críticos desta fase de vida do leitão, é imprescindível manter atenção aos sinais clínicos da coccidiose no plantel, para rápido diagnóstico e intervenção.
Geralmente, as manifestações surgem entre o 5º e o 15º dia de vida, podendo variar de acordo com as condições ambientais. O protozoário atua nas células do epitélio intestinal, promovendo a redução da altura das vilosidades e posterior fusão delas, além de um aumento do número de criptas intestinais. Essas lesões das células do epitélio intestinal comprometem a absorção de nutrientes e provocam prejuízos ao desempenho do animal acometido no restante de sua vida produtiva (Lindsay et al, 2019). Animais infectados apresentam uma diarreia fétida e rançosa, de coloração amarelada a acinzentada, pastosa ou líquida, não sanguinolenta. Podem ser observados pêlos arrepiados, perda de peso, apatia, além de sinais de desidratação. As manifestações clínicas podem ser agravadas se a doença for acompanhada de infecções secundárias, por exemplo por E. coli, Rotavírus, Enterovírus ou Adenovírus, levando a maiores taxas de mortalidade.
As perdas econômicas decorrentes da coccidiose estão associadas à redução da eficiência alimentar, baixo peso ao desmame, baixo desempenho e interferência na resposta imunitária às vacinas (Pradella et al., 2020). A coccidiose em suínos não é associada a alta mortalidade, mas possui altos índices de morbidade e, devido à redução acentuada no ganho de peso diário de leitões e heterogeneidade dos lotes, impacta o desempenho do plantel ao longo de toda a sua vida produtiva (Worliczek et al., 2009).
Além da manifestação clínica da doença, a coccidiose pode apresentar-se de forma subclínica. Alguns estudos mostram o impacto econômico em granjas sem sinal clínico de diarreia, mas com diagnóstico laboratorial da presença de oocitos nas fezes. A redução no ganho de peso pode chegar até 1000 gramas até o desmame, mesmo em animais infectados subclinicamente (Ózsvári, 2018). Já Maes et al. (2007), mostraram retorno econômico de 0,20 euros nos animais tratados para coccidiose, mesmo sem sinal clínico da doença.
A melhor ferramenta para controle de coccidiose suína ainda é a prevenção. A infecção de leitões se dá pelo contato com oocistos do protozoário presentes no ambiente. Estes oocistos podem ser remanescentes de leitegadas anteriores ou oriundos de animais mais velhos, insetos, roedores ou carreados pelos próprios funcionários. Assim, a principal fonte de contaminação da coccidiose suína é o próprio ambiente deficitário em higiene e biosseguridade. Um manejo higiênico-sanitário é primordial para controle de coccidiose suína no plantel.
LINDSAY, D. S.; DUBEY, J. P.; SANTÍN-DURÁN, M. Coccidia and other protozoa. Diseases of Swine, p. 1015–1027, 2019.
MAES, DOMINIK et al. Effects of toltrazuril on the growth of piglets in herds without clinical isosporosis. The Veterinary Journal 173, p. 197–199, 2007.
ÓZSVÁRI, LÁSZLÓ. Production impact of parasitisms and coccidiosis in swine. Journal of Dairy, Veterinary & Animal Research 7(5), p.217‒222, 2018.
PRADELLA, B. et al. Occurrence of gastrointestinal parasitic diseases of swine in different production phases in commercial pig farms from the State of Santa Catarina, southern Brazil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 72, n. 5, p. 1683–1690, 2020.
WORLICZEK, H. L. et al. Porcine coccidiosis – investigations on the cellular immune response against isospora suis. Parasitology Research, v. 105, n. SUPPL. 1, p. 151–156, 2009.