Como as coinfecções podem agravar o quadro clínico do PCV2
A infecção por mais de um tipo de patógeno (vírus, bactérias e parasitas, entre outros) é descrita como uma coinfecção (Kumar et al., 2018). No caso do Circovírus Suíno tipo 2 (PCV2), é comum observar quadros de coinfecção, devido ao fato desse patógeno ser imunossupressor (Gillespie et al., 2009).
Essa particularidade do PCV2 de predispor o animal à infecções por outros patógenos também faz com que haja um agravo do quadro clínico da enfermidade (Gillespie et al., 2009). Uma análise retrospectiva do número de casos de doença causada pelo PCV2, conduzido pelo Laboratório de Diagnóstico Veterinário do Estado de Iowa, revelou uma informação importante: mais de 98% dos suínos positivos para PCV2 apresentavam coinfecções. Especificamente, 52% foram coinfectados com vírus da Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos (PRRSV), 36% com Mycoplasma hyopneumoniae, 15% com Parvovírus Suíno (PPV), 14% com septicemia bacteriana, 7,6% com pneumonia bacteriana e 5,4% com vírus da influenza suína. A infecção somente por PCV2 ocorreu em apenas 1,9% dos casos (Pallares et al., 2002).
Outros estudos também demonstraram que leitões coinfectados com PCV2 e Glaesserella parasuis têm os sinais clínicos da viremia agravados. Esses animais tinham cargas virais mais elevadas e uma duração de viremia mais longa em comparação com uma infecção apenas por PCV2 (Liu et al., 2017; Solano et al., 1997; Kim et al., 2002; Cai et al., 2005).
Portanto, na maioria das vezes, vários agentes infecciosos estão envolvidos no desenvolvimento dessas condições clínicas, tornando inadequada uma abordagem simplista que considera o PCV2 como único patógeno na infecção (Opriessnig et al., 2011). Investir em vacinação do rebanho, corrigir erros de manejo (como superlotação) e reduzir fatores estressantes são abordagens chave que devem ser implementadas na granja para amenizar os impactos da doença.
Referências
Cai X.; Chen H.; Blackall P.J.; et al. Serological characterization of Haemophilus parasuis isolates from China. Vet Microbiol. 2005;111:231–6.
Gillespie, J.; Opriessnig, T.; Meng, X.J.; Pelzer, K.; Buechner-Maxwell, V. Porcine circovirus type 2 and porcine circovirus-associated disease. J. Vet. Intern. Med. 2009, 23, 1151–1163.
Kim J; Chung HK; Jung T. Postweaning multisystemic wasting syndrome of pigs in Korea: prevalence, microscopic lesions and coexisting microorganisms. J Vet Med Sci. 2002;64(1):57–62.
Kumar N; Sharma S; Barua S; Tripathi B.N.; Rouse B.T. Virological and immunological outcomes of coinfections. Clin Microbiol Rev. 2018, 31:e00111–e00117
Liu, S., Li, W., Wang, Y., Gu, C., Liu, X., Charreyre, C., … & He, Q. Coinfection with Haemophilus parasuis serovar 4 increases the virulence of porcine circovirus type 2 in piglets. Virology journal, 2017, 14(1), 1-9.
Opriessnig, T.; Gimenez-Lirola, L.G.; Halbur, P.G. Polymicrobial respiratory disease in pigs. Anim. Health Res. Rev. 2011, 12, 133–148.
Pallares F.J; Halbur P.G.; Opriessnig T. Porcine circo-virus type 2 (PCV-2) coinfections in US field cases of postweaning multisystemic wasting syndrome (PMWS). J Vet Diagn Invest 2002;14:515–519.
Solano G.I.; Segales J.; Collins JE. Porcine reproductive and respiratory syndrome virus (PRRSv) interaction with Haemophilus parasuis. Vet Microbiol. 1997;55:247–57.