Leveduras na nutrição animal e seus benefícios na saúde intestinal
A utilização de leveduras e a sua domesticação já é reconhecida há pelo menos 3 mil anos como fonte de processos artesanais e industriais gerando uma gama de produtos de valor nutricional e funcional agregado. Leveduras são fungos unicelulares aplicados principalmente na fermentação de açúcares na produção de bebidas destiladas e combustíveis, mas que há um bom tempo tem tido sua aplicabilidade direcionada à nutrição de animais.
Quando associadas à alimentos ricos em aminoácidos sulfurados há um aumento da eficiência e qualidade na formulação de dietas, podendo ser possíveis redutores na utilização de matérias-primas de alto custo e substituição de milho e farelo de soja. Inicialmente foram utilizadas na sua forma seca mas, atualmente continua sendo estudadas para o aproveitamento em outras formas como íntegras ou através de seus subprodutos (parede e extrato). A parede das leveduras em geral (podendo variar entre espécies) é composta por glucanos (48-60%) que são polímeros de unidades de glicose com ligações β (1-3) e β (1-6), manoproteínas (20-30%), quitina (0,6 – 2,7%), que é composta por β (1-4) N-acetilglicosamina e uma gama de lipídios. As β glucanas tem a característica de serem modificadores da resposta biológica por alterarem a forma como o sistema imune do hospedeiro atua, através da ativação via sistema complemento, diretamente ou com auxílio de anticorpos e por fim favorecem a migração de leucócitos para o sítio da infecção. Outras capacidades são conferidas a esses fungos como: antitumorais, antimutagênicos, antinflamatórios, hipocolesterolêmico, hipoglicêmicos, proteção contra infecções e alguns estudos tem mostrado também, uma capacidade de serem melhoradores da resposta vacinal.
Os mananoligossacarídeos (MOS) são outros componentes da membrana celular que tem sido empregados à nutrição de animais monogástricos como promotores de crescimento naturais que tem a capacidade de aglutinar microrganismos patogênicos como Escherichia coli e Salmonella spp., servindo além disso como substrato para bactérias intestinais comensais, conferindo um melhor ambiente intestinal através do controle da microbiota. Os MOS apresentam um potencial positivo na imunidade intestinal que resulta em melhor ganho de peso e conversão alimentar. A levedura mais empregada na alimentação é a Saccharomyces cerevisiae que possui na sua parede uma capacidade adsorvente de micotoxinas, fonte de proteínas de alto valor biológico, vitaminas, minerais e nenhum fator antinutricional. Portanto, na busca por alternativas à restrição do uso de antibióticos, as leveduras podem ser utilizadas no intuito de garantir menores perdas zootécnicas e quando associadas a outros aditivos como alguns probióticos garantem uma melhora na saúde intestinal dos animais.