Modus operandi da coccidiose
A Coccidiose é causada pela ingestão de oocistos esporulados do Cystoisospora suis. Alguns fatores podem agravar o quadro clínico da coccidiose, como a quantidade de oocistos esporulados ingeridos, associação com outros patógenos e idade da infecção (Lindsay et al., 2019).
A multiplicação do C.suis nos enterócitos causa atrofia de vilosidades, fusão de vilos, hiperplasia de criptas e enterite necrótica. Essas lesões intestinais, associadas ao impacto negativo na capacidade de absorção de nutrientes pelas vilosidades, ocasiona quadros clínicos de diarreia (Shrestha et al., 2015; Lindsay et al., 2019).
Além disso, com a destruição de enterócitos, aumento de secreção de muco e disrupção da microbiota intestinal, favorece o crescimento e a adesão de bactérias oportunistas, agravando o quadro clínico do animal (Mengel et al., 2012; Shrestha et al., 2020). Somado a tudo isso, a ativação do sistema imune para combater a infecção por C. suis resulta em repartição dos nutrientes que poderiam ser utilizados para ganho de peso (Shrestha et al., 2020). Todo impacto negativo da infecção pelo C. suis na saúde dos leitões reduz a conversão alimentar, o ganho de peso, e aumenta a mortalidade, impactando de maneira negativa nos ganhos econômicos do produtor (Maes et al., 2007; Hiob et al., 2019).
Como controle, toltrazuril é uma das moléculas mais eficazes contra a infecção. Porém, a via de aplicação no animal pode influenciar nos resultados. A aplicação de toltrazuril via parenteral (intramuscular) resultou em concentrações maiores nos tecidos e em conteúdos jejunais e ileais em comparação com a aplicação oral (Karembe et al., 2021). Essas concentrações mais elevadas se mostraram extremamente eficientes em evitar a excreção de oocistos de C. suis (Joachim et al., 2018).
Em conclusão, a coccidiose causa grande impacto na saúde intestinal dos leitões, e consequentemente afeta de maneira negativa o desempenho, causando grande impacto econômico ao produtor. Como ferramenta de controle e tratamento, a aplicação de toltrazuril via intramuscular mostrou ser eficaz para reduzir a infecção e excreção do oocisto.
REFERÊNCIAS
Hiob, L., Holzhausen, I., Sperling, D., Pagny, G., Meppiel, L., Isaka, N., Daugschies, A. (2019), Eficacy of an injectable toltrazuril-gleptoferron (Forceris®) to control coccidiosis (Cystoisospora suis) in comparison with iron supplemented piglets without anticoccidial treatment. Vet Parasitol X. 1:100002.
Joachim, A., Shrestha, A., Freudenschuss, B., Palmieri, N. Hinney, B., Karembe, H., Sperling, D. (2018). Comparison of an injectable toltrazuril-gleptoferron (Forceris®) and an oral toltrazuril (Baycox®) + injectable iron dextran for the control of experimentally induced piglet cystoisosporosis. Parasites Vectors. 11, 206.
Karembe, H., Sperling, D., Varinot, N., Magnier, R., Peyrou, M., Guerra, N., Smola, J., Vasek, J., Hinney, B., & Joachim A. (2021). Absorption and Distribution of Toltrazuril and Toltrazuril Sulfone in Plasma, Intestinal Tissues and Content of Piglets after Oral or Intramuscular Administration. Molecules. 26(18):5633.
Lindsay, D., Dubey, J.P., Santin, M. (2019). Coccidia and other Protozoa. Book Chapter. In: Diseases of swine. Zimmerman, J.J., Karriker, L.A., Ramirez, A., Schwartz, K. J., Stevenson, G. W., Zhang, J, 1015-1027.
Maes, D., Vyt, P., Rabaeys, P., & Gevaert, D. (2007). Effects of toltrazuril on the growth of piglets in herds without clinical isosporosis. The Veterinary Journal, 173(1), 197-199.
Mengel, H., Kruger, M., Kruger, M.U., Westphal, B., Swidsinski, A., Schwarz, S., Mundt, H.C., Dittmar, K., & Daugschies, A. (2012). Necrotic enteritis due to simultaneous infection with Isospora suis and clostridia in newborn piglets and its prevention by early treatment with toltrazuril. Parasitol. 110(4), 1347-1355.
Shrestha, A., Abd-Elfattah, A., Freudenschuss, B., Hinney, B., Palmieri, N., Ruttkowski, B., Joachim, A. (2015). Cystoisospora suis – A Model of Mammalian Cystoisosporosis. Front. Vet. Sci. 2:68.
Shrestha, A., Metzler-Zebeli, B. U., Karembe, H., Sperling, D., Koger, S., & Joachim, A. (2020). Shifts in the Fecal Microbial Community of Cystoisospora suis Infected Piglets in Response to Toltrazuril. Frontiers in microbiology, 11, 983.