O papel do ambiente na epidemiologia da circovirose suína
Assim como o vírus da Influenza A e o PRRSV (síndrome respiratória e reprodutiva dos suínos), o PCV2 é extremamente resistente às condições ambientais e aos desinfetantes. Seria interessante determinar as áreas e elementos das granjas (equipamentos, fômites, trabalhadores etc) que têm maior importância na transmissão da circovirose suína (Barcellos et al., 2012). Dessa forma, medidas específicas poderiam ser implementadas para reduzir a contaminação viral no ambiente.
Neste contexto, o estudo conduzido por Lorenzo et al., (2019) avaliou, sob condições de campo, a contaminação ambiental por PCV2 nas diferentes instalações de sete granjas não vacinadas contra o vírus. Os rebanhos foram classificados entre PCV2-SD (rebanhos onde os animais apresentavam a forma sistêmica da circovirose) e PCV2-SI (rebanhos onde os animais apresentavam a forma subclínica da circovirose). As amostras obtidas consistiram em sangue dos leitões e em swabs de comedouros, pisos das baias e corredores, escamoteadores, equipamentos, maçanetas, ventiladores, gaiolas, cadeiras, mesas, roupas e mãos dos funcionários. O ensaio de PCR quantitativa (qPCR) foi realizado para ambos os tipos de amostras.
Os resultados demonstraram que as instalações de leitões com idade igual ou superior a oito semanas, apresentaram níveis maiores de PCV2 no ambiente. Essa observação já era esperada, uma vez que a eliminação do vírus ocorre, geralmente, nessa fase de produção. Em relação aos diferentes tipos de apresentação clínica nas granjas, a viremia e a eliminação do PCV2 foi mais elevada em rebanhos cuja doença manifestava-se de forma sistêmica (PCV2-SD).
Detectou-se níveis elevados do vírus pela qPCR nas roupas e mãos dos trabalhadores, resultado importante uma vez que o intenso movimento dos funcionários entre os diversos setores, favorece a disseminação do PCV2 de áreas contaminadas para não contaminadas.
O estudo mostra a importância da implementação de protocolos de limpeza e desinfecção para a redução da transmissão indireta do vírus. Medidas simples como a mudança diária do vestuário, e a limpeza das mãos podem contribuir, significativamente, com a diminuição da carga viral no ambiente.
Foto: Carlos Alberto Pereira Júnior
Barcellos, D.; Morés, N.; Zanella, C.Z. Circovirose suína. Sobestiansky, J.; Barcellos, D. Doenças dos Suínos. 2. ed.Canone. Goiania, 2012 p. 273-287.
Lorenzo, G. L., Cao, J.M.D., Prieto, A., Novo, C.L., López, C.M., Díaz, P.; Veja, V.R., Baños, P.D., Fernández, G. Environmental distribution of Porcine Circovirus Type 2 (PCV2) in swine herds with natural infection. Scientific Reports, 2019, 9:14816.
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