Suíno com boa saúde intestinal = Suíno com bom desempenho
A definição de saúde do trato gastrointestinal (TGI), ou saúde intestinal, abrange diferentes aspectos fisiológicos e funcionais do animal, como a digestão e absorção efetiva dos alimentos, ausência de doenças gastrointestinais, microbiota intestinal normal e estável e estado imunológico efetivo (Pluske et al., 2007; Bischoff, 2011, Celi et al., 2017; Pluske et al., 2018).
Dessa forma, a saúde intestinal é sinônimo de saúde animal e é fundamental para o bom desempenho dos suínos. A literatura sugere que animais com boa saúde intestinal possuem melhor digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes, e que um intestino saudável e funcional é essencial para a produção animal sustentável – crescimento, rendimento e qualidade da carne (Khadem et al., 2016, Zou et al., 2016).
O intestino é o maior órgão imunológico do corpo e atua como sensor químico/nutricional (Xiong et al., 2019). Mecanismos complexos estão relacionados com a funcionalidade e saúde intestinal, e o conhecimento sobre essas interações se faz importante para o desenvolvimento de estratégias de modulação visando a melhora do desempenho animal. Um intestino saudável é capaz de gerar uma resposta inflamatória ativa a moléculas desconhecidas ao organismo, denominadas antigênicas e, ao mesmo tempo, evitar que essa reação seja exacerbada a microrganismos comensais. A microbiota intestinal desempenha um papel importante na manutenção da homeostase da mucosa intestinal e na função imunológica, portanto, qualquer perturbação no sistema imune ou na homeostase epitelial pode levar à inflamação intestinal, levando a perda de desempenho.
Atualmente o mercado dispõe de alternativas, como os ácidos orgânicos e óleos essenciais, que podem ser utilizados para a modulação da microbiota intestinal e regulação de citocinas pró-inflamatórias, resultando em animais que desempenham melhor (Zou et al., 2016). Xu et al. (2017) suplementaram ácidos orgânicos e óleos essenciais para suínos na fase de creche, em forma combinada e isolada, e em ambas as suplementações observaram uma maior contagem de lactobacilos nas fezes. O aumento no número dessas bactérias está relacionado à produção de metabólitos mais úteis, levando à melhora na proliferação de células epiteliais, impactando positivamente na morfologia intestinal (Xu et al., 2017).
Além disso, a suplementação desses compostos individualmente aumentaram o ganho médio de peso diário. Quando suplementados juntos, constatou-se uma tendência no aumento do ganho médio de peso diário, comparado a um controle positivo – com a presença de antibióticos. Já a suplementação de óleo essencial isolado melhorou significativamente a digestibilidade total de matéria seca, cálcio, fósforo, proteína bruta e energia; enquanto de ácidos orgânicos melhorou a digestibilidade de cálcio, fósforo e proteína bruta (Xu et al., 2017). Isso evidencia que, independente da forma como esses aditivos são suplementados, é possível observar benefícios. A melhora no desempenho e na digestibilidade podem ser justificados devido à ação antimicrobiana destes compostos, que auxilia na redução da carga microbiana, reduzindo assim as demandas metabólicas da microbiota e aumentando a disponibilidade de energia dietética e nutrientes para os animais hospedeiros.
Portanto, a regulação intestinal perante a inflamação é de grande importância para a saúde intestinal e possui impacto direto no desempenho dos animais. Atualmente estão disponíveis no mercado compostos como óleos essenciais e ácidos orgânicos que são capazes de auxiliar o TGI a desempenhar melhor, a partir da modulação da microbiota intestinal, da regulação de citocinas pró-inflamatórias e na absorção e digestibilidade dos nutrientes.
REFERÊNCIAS
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Celi, P., Cowieson, A. J., Fru-Nji, F., Steinert, R. E., Kluenter, A. M., & Verlhac, V. (2017). Gastrointestinal functionality in animal nutrition and health: new opportunities for sustainable animal production. Animal Feed Science and Technology, 234, 88-100. DOI: https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2017.09.012
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