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Anemia ferropriva subclínica: um desafio subestimado

 Leitões clinicamente anêmicos acometidos em maternidade são mais facilmente diagnosticados nas granjas suinícolas. Porém, é comum que leitões aparentemente saudáveis, sem o quadro clássico de pele e mucosas pálidas e queda no desempenho (Robinson & Loynachan, 2019), estejam com anemia ferropriva subclínica. Nesses casos, o diagnóstico clínico não é possível, sendo necessários exames laboratoriais complementares.

A partir de amostra de sangue são observados valores de contagem de hemácias, hematócrito e concentração de hemoglobina abaixo dos valores de referências, além de valores reduzidos de VCM (volume corpuscular médio), HCM (hemoglobina corpuscular média) e CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) (Szudzik et al., 2018; Sperling et al., 2018). Leitões com níveis de hemoglobina 9 até 11 g/ dL embora dentro dos valores de referência, também podem ser classificados como portadores de anemia subclínica (Szudzik et al., 2018; Sperling et al., 2018). A alta taxa de crescimento dos leitões no início da vida é uma das causas de anemia em leitões em granjas comerciais. O rápido crescimento resulta em uma rápida expansão do volume sanguíneo e consequente aumento da demanda férrica a fim de sustentar a eritropoiese e manter os níveis de hemoglobina (Szudzik et al., 2018). Leitões mais pesados, devido a sua maior taxa de crescimento inicial, depletam as suas reservas férricas de maneira mais rápida, e consequentemente, tornam-se mais susceptíveis a anemia (Bhattarai et al., 2014; Perri et al., 2015). Outra causa importante para a presença de leitões anêmicos/subanêmicos em maternidade é a velocidade de absorção das moléculas de ferro após sua aplicação. Moléculas mais complexas, como o Gleptoferron, conferem uma absorção de 95% de ferro em até 24 horas após sua aplicação. Isso garante as concentrações férricas em níveis ótimos antes da queda brusca das reservas de ferro dos leitões, já relatada em estudos anteriores (Lipinski, 2010, Battharai, 2015).

Apesar do alto impacto econômico conhecido dos quadros clínicos de anemia (Perri et al., 2015), o impacto produtivo da anemia subclínica é subestimado. Animais sub-anêmicos apresentam menor desempenho na creche (Bhattarai; Nielsen, 2015) e é  descrito que até 35% dos leitões apresentam esse quadro ao desmame (Perri et al., 2015; Sperling et al., 2018). Vale ressaltar que a cada 1 mg/dL de aumento da concentração de hemoglobina ao desmame resulta em ganho de peso diário de 17,2 g a mais durante a creche (Bhattarai; Nielsen, 2015). Esses dados ressaltam a importância de reduzir os quadros de animais com anemia subclínica no rebanho. 

O uso do gleptoferron, molécula que possui maior biodisponibilidade que o ferro dextrano, mostrou-se eficiente em reduzir a quantidade de animais com quadros anêmicos e sub-anêmicos ao desmame (Moralés et al., 2018; Sperling et al., 2018). Com base no exposto acima, é essencial que a suplementação férrica seja adequada a ponto de permitir que os animais alcancem todo o seu potencial genético, mesmo em cenários que os leitões não apresentem quadros clínicos de anemia. A suplementação férrica com o uso do gleptoferron é uma ótima alternativa, visto que é capaz de melhorar os níveis subótimos de hemoglobina ao desmame e, consequentemente, melhorar o desempenho dos leitões. 

REFERÊNCIAS

Bhattarai, S., & Nielsen J.P. (2015). Association between haematological status at weaning and weight gain post-weaning in piglets. Livestock Science, 182, 64-68.

Lipinski P, Starzyński RR, Canonne-Hergaux F, Tudek B, Oliński R, Kowalczyk P, Dziaman T, Thibaudeau O, Gralak MA, Smuda E, Woliński J, Usińska A, Zabielski R (2010). Benefits and Risks of Iron Supplementation in Anemic Neonatal Pigs The American Journal of Pathology, Vol. 177, No. 3, September 2010 Copyright © American Society for Investigative Pathology DOI: 10.2353/ajpath.2010.091020

Morales, J., Manso, A., Martín-Jiménez, T., Hamadi, K., & Sperling, D. (2018). Comparison of the pharmacokinetics and efficacy of two different iron supplementation products in suckling piglets. J Swine Health Prod. 26(4), 200-207.

Perri, A.M., Friendship, R.M., Harding, J.S.C., & O’Sullivan, T. (2015). An investigation of iron deficiency and anemia in piglets and the effect of iron status at weaning on post-weaning performance. J Swine Health Prod. 24(1), 10–20.

Robinson, N.A. & Loynachan, A.T. 2019. Cardiovascular and Hematopoietic Systems. Book Chapter. In: Diseases of swine. Zimmerman, J.J., Karriker, L.A., Ramirez, A., Schwartz, K. J., Stevenson, G. W., Zhang, J, 1015-1027.

Sperling, D., Freudenschuss, B., Shrestha, A., Hinney, B., Karembe, H., & Joachim, A. (2018). Comparative efficacy of two parenteral iron-containing preparations, iron gleptoferron and iron dextran, for the prevention of anaemia in suckling piglets. Veterinary record open, 5(1), e000317.

Szudzik, M., Starzyński, R. R., Jończy, A., Mazgaj, R., Lenartowicz, M., & Lipiński, P. (2018). Iron Supplementation in Suckling Piglets: An Ostensibly Easy Therapy of Neonatal Iron Deficiency Anemia. Pharmaceuticals (Basel, Switzerland), 11(4), 128.