O tipo de piso pode influenciar na prevalência de coccidiose?
A coccidiose desempenha um papel importante na performance dos leitões. O comprometimento do desempenho nessa fase tão crítica da produção moderna de suínos, pode causar a desuniformização da leitegada e baixo peso ao desmame, o que reflete até o final do ciclo produtivo.
De acordo com Lindsay et al. (1992) e Otten et al. (1996), as infecções causadas por Cystoisospora suis podem ocorrer em todos os tipos de granja, independentemente do tamanho do plantel e das condições de manutenção da granja. No entanto, a melhoria constante da higiene do ambiente, tais como limpeza e desinfecção das instalações, medidas de biosseguridade, entre outras, diminui a exposição à infecção e a apresentação clínica da doença.
O tipo de piso presente nas granjas pode favorecer uma maior exposição dos animais aos oocistos presentes nas baias. O piso de concreto tende a ser poroso e, portanto, difícil de limpar. De acordo com Lindsay et al. (2006), este tipo de piso tem sido associado ao alto risco de contaminação por coccidiose. Meyer et al. (1999) também relatou em sua pesquisa que o tipo de piso pode influenciar na incidência dos casos envolvendo este patógeno. No referido estudo, foram realizadas coletas de fezes em 5 granjas. A prevalência de coccidiose foi significativamente mais baixa na granja 3, onde a maioria do piso era vazado. Nas demais, onde a prevalência foi maior, a maioria do piso era sólido. Em contraste, Pfister e Wolf (1975) relataram que o piso ripado não reduziu as infecções por protozoários. É válido ressaltar que pisos ripados, em comparação aos pisos de plásticos perfurados e flexíveis, podem dificultar a limpeza do ambiente, uma vez que os pisos flexíveis possibilitam a remoção do material, facilitando a limpeza em cima e embaixo, fazendo com que a eliminação do oocisto na baia seja mais eficiente.
Considerando que a contaminação das baias é uma fonte importante de infecção para os leitões e que a permanência dos oocistos de C. suis pode contaminar as próximas leitegadas, a limpeza do ambiente é extremamente necessária para o controle da doença (Driesen et al., 1993; Eysker et al., 1994). Independente do tipo de piso presente na granja, uma boa limpeza, a utilização de detergentes eficientes para remoção da matéria orgânica e o tempo necessário que possibilite a secagem das instalações é uma das ferramentas fundamentais para desmamar leitões de qualidade.
Referências
Driesen, S.J., Carland, P.G., Fahy, V.A., 1993. Studies on preweaning piglet diarrhoea. Aust. Vet. J. 70, 259–263.
Eysker, M., Boerdam, G.A., Hollanders, W., Verheijden, J.H.M., 1994. The prevalence of Isospora suis and Strongyloides ransomi in nursing piglets in The Netherlands. Vet. Quarter. 16, 203–205.
Lindsay, D.S., Blagburn, B.L., Powe, T.A., 1992. Enteric coccidial infections and coccidiosis in swine. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14, 698–702.
Lindsay DS, Dubey JP. Coccidia and other protozoa. In: Straw B, Zimmerman J, D’Allaire S, Taylor D, editors. Diseases of Swine. 9th ed. Ames, Iowa: Blackwell; 2006. pp. 861–874.
Meyer, C., A. Joachim, and A. Daugschies. “Occurrence of Isospora suis in larger piglet production units and on specialized piglet rearing farms.” Veterinary parasitology 82.4 (1999): 277-284.
Otten, A., Takla, M., Daugschies, A., Rommel, M., 1996. Untersuchungen zur Epizootiologie und pathogenen Bedeutung von Infektionen mit Isospora suis in zehn Ferkelerzeugerbetrieben in Nordrhein-Westfalen. Berl. Münch. Tierärztl. Wochenschr. 109, 220–223
Pfister, F., Wolf, K., 1975. Endoparasitenbefall bei Schweinen in spezifisch-pathogenfreien (SPF) und konventionellen Beständen. Schweiz. Arch. Tierheilk. 117, 585–598.