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A anemia ferropriva na maternidade está controlada?

O quadro de anemia ferropriva é caracterizado por baixos índices de hemoglobina, de ferro plasmático e de ferritina plasmática – uma glicoproteína que armazena ferro. O baixo índice de saturação da transferrina, que representa a razão entre o ferro sérico e a capacidade total de ligação do ferro, também pode ser considerado (Sperling et al., 2018).

Apesar de praticamente todas as granjas em todo o mundo receberem suplementação exógena de ferro a fim de evitar a anemia ferropriva nos leitões lactantes, trabalhos têm demonstrado alta prevalência de animais anêmicos e subanêmicos ao desmame. Um estudo realizado em 8 países da Europa demonstrou uma prevalência de 62% de animais anêmicos e subanêmicos (Sophie Brilland, et al., 2019). Na América Latina estes dados não foram diferentes, sendo estudados países como Colombia, Chile, México e Peru, com prevalências de animais anêmicos e subanêmicos respectivamente de 50%, 64%, 70% e 69% (Calveyra et al., 2022). Recentemente, um estudo brasileiro envolvendo 50 granjas demonstrou prevalência de anemia e subanemia ao desmame de 50% (Calveyra et. al., 2022)

O momento de aplicação e a molécula de ferro são cruciais para obter leitões saudáveis e com alto nível de hemoglobina. A suplementação de ferro biodisponível nos leitões deve ser realizada nos primeiros dias após o nascimento. Morales et al. (2018) administraram 200 mg de ferro sob a forma de dextrano ou gleptoferron em leitões de dois dias de idade, e observaram que as concentrações séricas de ferro no período experimental foram 2,2 vezes maiores no grupo de animais que receberam gleptoferron, resultando em uma absorção de ferro total 4,6 vezes maior comparada ao grupo tratado com Ferro Dextrano. Estes dados corroboram com o estudo de Sperling et al., 2018 que apontou maiores valores de hemoglobina e hematócrito e maior concentração de ferro plasmático nos animais tratados com Gleptoferron em relação ao grupo que recebeu Ferro Dextrano.

O ferro é um componente essencial de todas as células e tecidos do corpo e possui funções importantes no transporte e armazenamento de oxigênio, além de compor uma grande variedade de enzimas. Entretanto, os leitões nascem com um baixo estoque de ferro no organismo. Isso se deve ao tipo de placenta das porcas (epiteliocorial difusa, permite baixa passagem de moléculas de ferro) e à baixa concentração de ferro no colostro. Como consequência, os leitões podem ter queda na quantidade de hemoglobina e em outras moléculas transportadoras de ferro, caracterizando um quadro de anemia (Sperling et al., 2018; Perri et al., 2016). Sendo assim, a suplementação exógena nos primeiros dias de vida é obrigatória para todas as granjas de produção industrial.

Animais com maior status sanitário e controle de distúrbios como a anemia ferropriva, possuem maiores chances de garantir boa performance nas fases subsequentes, com grandes retornos econômicos aos produtores (Petri et. al, 2016). 

Referências 

Morales, J., Manso, A., Martín-Jiménez, T., Karembe, H., & Sperling, D. (2018). Comparison of the pharmacokinetics and efficacy of two different iron supplementation products in suckling piglets. Journal of Swine Health and Production, 26(4), 200-207.

Perri, A. M., Friendship, R. M., Harding, J. C., & O’Sullivan, T. L. (2016). An investigation of iron deficiency and anemia in piglets and the effect of iron status at weaning on post-weaning performance. Journal of Swine Health and Production, 24(1), 10-20.

Sperling, D., Freudenschuss, B., Shrestha, A., Hinney, B., Karembe, H., & Joachim, A. (2018). Comparative efficacy of two parenteral iron‐containing preparations, iron gleptoferron and iron dextran, for the prevention of anaemia in suckling piglets. Veterinary Record Open, 5(1), e000317.

Trecho

Apesar de praticamente todas as granjas em todo o mundo receberem suplementação exógena de ferro a fim de evitar a anemia ferropriva nos leitões lactantes, trabalhos têm demonstrado alta prevalência de animais anêmicos e subanêmicos ao desmame.”